O Romantismo utilizou inovações técnicas, mas numa verdadeira fuga ao real, elege revivalismos e orientalismos, como se verifica nas construções românticas, um pouco por toda a Europa.
Os gostos voltam-se para o passado, valorizando, essencialmente, a Idade Média e os estilos artísticos que a caracterizam, utilizando-os como reflexo dos nacionalismos emergentes – Portugal adopta o Neomanuelino como estilo nacional.
Na arquitectura esta tendência desenvolve-se com o impulso de dado por D. Fernando II, marido de D. Maria II, ao iniciar a construção do Palácio Nacional da Pena.
Palácio Nacional da Pena
É o mais admirável exemplar de arquitectura portuguesa do Romantismo.
Em 1839, o rei consorte D. Fernando II de Saxe Coburgo-Gotha (1816-1885), adquiriu as ruínas do Mosteiro Jerónimo de Nossa Senhora da Pena e sonhou com a sua adaptação a palacete, conservando os claustros,a capela quinhentista e alguns anexos.
O projecto foi encomendado ao germânico, engenheiro de minas e amante de arquitectura, barão de Eschwege.
Segundo a «Enciclopédia dos Lugares Mágicos de Portugal» («D. Fernando certamente viu em Eschwege, para além de uma experiência vivida e uma proximidade linguística que muito ajudava a resolver os problemas do projecto, a flexibilidade e a adaptabilidade necessárias para ceder às idiossincrasias do príncipe, que queria ali fazer o «seu» palácio, quase que partilhando a autoria.
Por outro lado, a cultura do barão de Eschwege, que privara com von Humboldt e Goethe quando das suas viagens pela Europa e que conhecia as dissertações de Schlegel quanto à sublimidade do gótico e da sua suposta relação com a natureza, dir-lhe-iam mais do que a de um prático (embora
competente) arquitecto português.»
O local escolhido, pela sua Natureza, é romântico por excelência, pelo que tem de acidental, assimétrico, incompleto e imperfeito e ainda naquilo que representa de espontaneidade em relação à ordem.
Extremamente fantasiosa, a arquitectura da Pena utiliza "motivos" neomouriscos, indianos, neorenascentistas, neogóticos e neomanuelinos, tudo imbuído do espírito romântico da época.
O rei interveio de forma determinante na construção do palácio, ficando a dever-se ao seu ecléctico e excêntrico temperamento muitos dos detalhes decorativos e simbólicos.
O rei, que também era pintor e cantor foi o responsável, pelo desenho, que fez reproduzir, na fachada norte do Palácio, de uma imitação da janela Capítulo do Convento de Cristo em Tomar.
A mistura de estilos que apresenta é intencional, pois a mentalidade romântica do século XIX tinha uma particular atracção pelo exotismo e ecletismo.
Todas as torres, excepto a do Relógio têm cúpulas. Os motivos de inspiração foram colhidos em fontes mouriscas, mudéjares e em quase todas as obras manuelinas: Torre de Belém, Jerónimos, Convento de Cristo e Palácio da Vila.
Representa uma das melhores expressões do Romantismo arquitectónico do século XIX no mundo, sendo o primeiro palácio nesse estilo na Europa, erguido cerca de 30 anos antes do carismático Castelo de Neuschwanstein, na Baviera.
Em torno do Palácio Nacional da Pena, ocupando uma área de cerca de duzentos hectares, o Parque da Pena é o resultado das tendências intelectuais e artísticas da época do Romantismo.
Todo o seu traçado e plantio estão impregnados pela imaginação: recantos de verdura, trechos de paisagem que a par e passo se vislumbram, árvores em manchas contrastantes, lagos, locais de descanso, caminhos ondulantes, afloramentos de enormes rochedos e fontes.
O resultado do conjunto foi descrito por Richard Strauss, quando da sua visita a Sintra: ”Hoje é o dia mais feliz da minha vida. Conheço a Itália, a Sicília, a Grécia e o Egipto e nunca vi nada que valha a Pena. É a coisa mais bela que tenho visto. Este é o verdadeiro jardim de Klingsor – e, lá no alto, está o castelo do Santo Graal”.
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