quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Domingos Sequeira



Domingos António do Espírito Santo nasceu, em Lisboa, em 1768. O nome Domingos Sequeira foi adoptado com cerca de dezassete anos de idade e vinha do padrinho que tinha esse apelido.
Em termos estéticos é considerado o pintor de transição do Neoclassicismo para o Romantismo


Frequentou, em Lisboa, a Aula de Desenho e pintou tectos de palacetes.
Foi protegido pela família Marialva, que conseguiram que D. Maria I, lhe concedesse uma pensão para ir estudar para Roma, em 1788. Nessa cidade foi aluno de Cavallucci e Domenico Corvi. Em 1793, foi admitido como académico de mérito na Academia de São Lucas. No regresso a Portugal, viajou por Florença, Milão e Veneza.
Chegou a Portugal em 1796, onde recebeu algumas encomendas. Contudo estava desalentado com o pouco apreço que recebia, entrando como noviço no Convento das Laveiras, onde ficou durante três anos.

Em 1802 saiu do Convento e foi nomeado «primeiro pintor da câmara e da corte», passando a dirigir as pinturas do palácio da Ajuda e sendo professor de Desenho e Pintura das princesas.
Em 1805, foi nomeado para a direcção da Academia portuense, mas foi forçado a regressar a Lisboa devido às invasões francesas.

Foi um homem que utilizou a arte de uma forma moderna.
Miguel Soromenho lembra o que ele fez para além da pintura: desenhos de figurinos para as fardas dos secretários de Estado; as primeiras notas do Banco de Portugal e desenhos de moedas; e ainda o desenho da baixela oferecida ao duque de Wellington.


O Príncipe regente D. João VI passando revista às tropas na Azambuja - 1803 -Pal. de Queluz 

Domingos António de Sequeira foi o mais notável retratista português da primeira metade do século XIX. A sua obra como retratista anuncia a viragem para a nova estética romântica.


Conde de Farrobo - 1813 - MNAA



Mariana Benedita Sequeira - 1822 - MNAA
Domingos Sequeira viveu intensamente as convulsões políticas da época - trabalhou sucessivamente para a coroa portuguesa, para o exército de invasão francês (Junot protegendo Lisboa, 1808), para a aliança inglesa (Apoteose de Wellington, 1811), revolução liberal (retratos de 33 deputados, 1821) e partidários da Carta Constitucional (D. Pedro IV e Maria II, 1825).

Junot protege a cidade de Lisboa - 1808 - MNSR - Porto 

A aliança de Portugal, Espanha e Inglaterra vence a França - 1813-MNSR 

Com o regresso ao absolutismo (D. Miguel I), Sequeira exilou-se, em França, depois da contra-revolução da Vila-Francada.

Detalhe da Baixela de Wellington - prata dourada 

Detalhe da Baixela de Wellington 

O trajecto de Sequeira é o exemplo das motivações económicas e financeiras que condicionam a colaboração entre a produção artística e os poderes instituídos; nomeadamente, indica a subserviência da arte ao seu papel de cumprir encomendas políticas.

Em França expôs, no Salão do Louvre, “A Morte de Camões” (quadro inspirado no poema de Garrett e desaparecido no Brasil), obra que lhe mereceu uma medalha de ouro e a colocação entre os pintores românticos mais representativos, ao lado de Eugène Delacroix. Foi a confirmação da dimensão europeia da sua obra.
Em 1825, foi para Roma, onde acabou por falecer, cerca de dez anos depois.



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